Referência: PRIMAK, Ana Carla Mila. Preparação de um compósito a base de resíduos de construção
civil e o Politereftalato de Etileno (PET). Curso de especialização em ciências: a
ciências modernas e suas aplicações. Unicentro. 2007.
Os
aspectos ambientais é um dos maiores problemas da atualidade, seja pela
exploração excessiva de recursos renováveis e não renováveis, ou pela produção
exacerbada de lixo. Com o intuito de amenizar estes problemas, foram estudados
diferentes processos experimentais visando o desenvolvimento de um compósito
com o polímero termoplástico PET, poli (tereftalato de etileno), muito
utilizado nas garrafas de refrigerantes, com um material inorgânico triturado,
o resíduo da construção civil. O
resultado obtido foi formar um material que se supõem a não alteração em suas
propriedades físicas (modificação estrutural a nível molecular dos materiais) e
sim uma alteração na sua propriedade mecânica (influência térmica). Este
processo resultou na produção de placas bastante rígidas e compactas com
diferentes tonalidades e texturas. As prováveis aplicações para o compósito
produzido poderiam ser utilizadas para a construção civil, produção de móveis e
revestimentos cerâmicos.
O polímero surgiu no início do século XX e é considerado
um termoplástico pela sua capacidade reversivelmente de aquecer e resfriar,
passando do estado de massas fundidas a sólidos. Esta característica fez com ele
fosse muito utilizado na engenharia, porém passou a gerar uma quantidade
elevada de resíduo e somente parte é reciclada, pois a outra é descartada no
meio ambiente. Outra questão preocupante é a econômica (perde-se economicamente
não utilizando este resíduo), pois é um produto com valor agregado. Somando-se
a isto temos ainda os resíduos da construção civil, material inorgânico, inerte
e sólido que acabam comprometendo o ambiente através do assoreamento e enchentes
que chegam a aproximadamente a 65 milhões de toneladas por ano. Alguns fatores
que motivam sua reciclagem são a diminuição do consumo de energia (cerca de 70%) na sua produção,
redução de peso do lixo, menor custo de coleta e destino final, poucos riscos no
manuseio, diminuição do volume total transportado até os lixões, estimula a prática
de coleta seletiva, elimina a quantidade de resíduos depositados
em lugares ilegais. Para cada 100 toneladas de plástico reciclado,
economiza-se uma tonelada de petróleo.
De
acordo com a autora, desde julho de 2004 a resolução
307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), as prefeituras estão proibidas
de receber os resíduos de construção e demolição no aterro sanitário. Cada município
deverá ter um plano integrado de gerenciamento de resíduos da construção civil.
Em nível estadual, constatamos mudanças nos padrões de consumo. Esse fez com que o lixo produzido no Brasil
aumentasse de 0,5Kg/hab./dia para uma média de 0,8Kg a 1,2 Kg/hab./dia, em
pouco mais de 20 anos. Outros dados indicam que 76% dos detritos produzidos no país
são jogados em lixões e outros 13% nos chamados "aterros controlados", que são locais onde o lixo é somente
confinado, sem técnicas básicas de Engenharia para proteger o Meio Ambiente. Apenas
10% do total coletado é depositado em aterros
sanitários. Isso significa que cerca de 90% do lixo produzido no Brasil
é depositado a céu aberto, sem qualquer
cuidado ambiental.
Os polímeros são
denominados sintéticos. Os de uso geral apresentam pesos moleculares de 105,
compostos a partir de monômeros. Podem ser
modificados através de reações químicas. Os mesmos estão dispostos um após o
outro e esta divisão está relacionada principalmente conforme as características
mecânicas. Decorre, na verdade, da configuração específica das moléculas do polímero,
que podem ser divididos quanto a resistência mecânica: borracha ou
elastômeros, plásticos e fibras, e escala
de fabricação: plásticos de comodidade, plásticos de especialidade. A aplicação
se subdivide em dois grandes grupos: os de uso geral e os de engenharia. Os de
uso geral são termoplásticos e termorrígidos são os de engenharia. Dentre as principais propriedades do PET estão: boa resistência mecânica térmica e química; facilidade
nas reciclagens, mais leveza que em metais ou cerâmica, e requerem baixas temperaturas no processamento. Suas principais aplicações
estão na fabricação de garrafas para bebidas carbonatadas,
garrafas de refrigerante, óleos vegetais e produtos de limpeza.
Entulho de
construção civil é um o conjunto de fragmentos compostos por tijolo, concreto,
argamassa, aço e madeira, provenientes do desperdício na construção, reforma
e/ou demolição de estruturas como prédios, residências e pontes. Os resíduos
encontrados predominantemente no entulho, que podem ser recicláveis para a
produção de agregados, são os materiais compostos de cimento, cal, areia e
brita: concretos, argamassa, blocos de concreto, telhas, manilhas, tijolos,
azulejos e outros como: solo, gesso, metal, madeira, papel, plástico, matéria
orgânica, vidro e isopor. Desses materiais, alguns são passíveis de serem
selecionados e encaminhados para outros usos.
Um compósito
pode ser considerado como material multifásico formado de dois ou mais
constituintes com distintas composições, estruturas e propriedades e que estão
separados por uma interface. O objetivo principal em se produzir compósitos é
de combinar diferentes materiais para produzir uma nova geração de material com
um único dispositivo, com propriedades superiores às dos componentes unitários. Os materiais que podem compor um material compósito podem ser
classificados em dois tipos: matriz e reforço. O material matriz é o que
confere estrutura ao material compósito, preenchendo os espaços vazios que
ficam entre os materiais reforços e mantendo-os em suas posições
relativas. Os materiais reforços são os
que realçam as propriedades mecânicas, eletromagnéticas ou químicas do material
compósito como um todo.
Os
experimentos de formação de um compósito foram feitos no Laboratório do
Departamento de Química – CEDETEG da Universidade Estadual do Centro-Oeste –
UNICENTRO. Os materiais foram coletados a partir de descartes do consumo urbano
e a argamassa de entulhos de restos de construção encontrados em terrenos
baldios. Foram utilizadas garrafas Pet, resíduo inorgânico de tijolos e
argamassas, tesoura, reator de inox, pistola de
ar quente 500ºC, aquecedor; balança e peneira.
Com o objetivo de preparar um compósito, as frações
de tijolos e argamassa tiveram uma proporção de aproximadamente 25% da quantidade
total de PET em massa.
As garrafas foram trituradas com
tesoura e colocadas no reator de inox para aquecimento elétrico. Na parte
superior, o aquecimento foi feito com a pistola térmica a uma temperatura de
aproximadamente 500ºC. À medida que a temperatura chegou entre 200ºC e 250ºC, o PET começou a se fundir. Em seguida, acrescentou-se o tijolo
e a argamassa triturados. Após atingir uma consistência pastosa, estas
amostras foram resfriadas de diferentes formas. No primeiro experimento esperou-se que resfriasse a superfície superior
do reator naturalmente, resultando em um material com a superfície
superior, apresentando assim um aspecto esbranquiçado, rajado e opaco. Na
superfície inferior o fundo apresentou uma camada translúcida, mostrando as partículas do tijolo e da argamassa. No segundo teste, após obter um material
homogêneo, resfriou-se o reator em banho
maria, com a água na
temperatura ambiente. O resultado obtido no segundo resfriamento, a sua superfície superior ficou rajada, com
detalhes escuros mais destacados, permanecendo o esbranquiçado. Já a superfície inferior
ficou parecida com mármore ou granito com textura opaca. Para o terceiro
experimento, acrescentou-se uma pequena quantidade de carvão ativado para
dar textura. Quando se iniciou o processo de esbranquiçamento da superfície superior,
despejou-se água na temperatura ambiente dentro
do reator e esta se apresentou brilhante. A superfície inferior apresentou um
aspecto de mármore ou granito, permanecendo nas beiradas a concentração do
carvão na cor preta. No último teste, acrescentou-se corante amarelo e
antes de começar o processo de esbranquiçamento, colocou-se água à temperatura
ambiente dentro do reator. Apareceram rajados na cor do corante e assim obtiveram-se
características mais homogêneas, com algumas trincas. As placas tem uma
espessura de aproximadamente 5 mm, apresentando baixa resistência ao impacto. Com
o auxílio da furadeira, verificou-se a potencialidade do material na utilização
de indústrias moveleiras, apresentando um grande potencial para serem
utilizados na preparação de móveis, pisos, revestimentos e artesanatos.
Crítica:
O
presente artigo traz uma discussão muito frequente nos dias atuais: a preservação
e preocupação com o meio ambiente, que vem sofrendo com o descaso de parte da
população e governantes. Para amenizar tal questão, a autora propõe
alternativas para os plásticos (PET) e os resíduos
produzidos na construção civil descartados inadequadamente. Para tanto, o
experimento procurou uma possível aplicação destes materiais. Os compósitos
preparados apresentam brilho, cor e texturas diferenciadas e mostram-se
resistentes, mas quebradiços ao impacto, o que não desqualifica o seu uso na
preparação de revestimentos, pisos, mesas e imobiliários em geral. A iniciativa
de procurar alternativas para o descarte de materiais é de suma importância
para a conservação e boa utilização dos recursos naturais. Cada vez mais
empresas, instituições e afins procuram encontrar formas de produzir de forma
sustentável, visando às necessidades do momento que estamos vivenciando.
Link do artigo:http://www.artigocientifico.com.br/uploads/artc_1314193395_44.doc
Augusto Castro
Daysom Pablo
Michael Cruz
Rômulo César
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